Uma dona de casa denunciou um veterinário de ter colado com
cola instantânea a pata de uma cadela da raça poodle, de 4 meses, que havia
sofrido uma fratura em São Manuel (259 km de São Paulo). Agora, o animal corre
o risco de ter o membro amputado.
“Levei a Radija ao pet shop, e lá o veterinário atendeu ela
em cima do balcão mesmo. Ele disse que não poderia fazer nada, que era uma
fratura e teria que imobilizar. Pegou um tubo de Super Bonder e utilizou para
colar a patinha dela e depois prender a perninha contra o peito”, afirmou Kelly
Cristina, que ainda relatou ele cobrou, além da consulta, o dobro do preço do
tubo da cola. “O outro veterinário disse que só poderia rir do que foi feito,
que não era correto esse tipo de tratamento e que deveríamos tirar toda a cola,
fazer uma radiografia e medicar a cadelinha”, disse ela.
O filhote ficou com a parte do corpo grudada pela cola
queimada. Além disso, pelo e pele da região caíram. Kelly registrou um boletim
de ocorrência por maus-tratos contra o veterinário, e a polícia de São Manuel
abriu investigação para apurar a denúncia.
Veterinário diz que já usou cola outras vezes
O veterinário Airton Romão, responsável pelo pela aplicação
da cola instantânea, disse que é um procedimento comum no meio veterinário e
afirmou que não cometeu crime. “Já fiz esse tipo de tratamento por diversas
vezes. Sou formado há mais de 30 anos pela Faculdade de Medicina Veterinário da
Unesp de Botucatu. Já tratei, com eficiência, desta maneira cabritos, aves e
tartaruga. É algo comum para fraturas. O esparadrapo, tão utilizado na
Medicina, também tem cola, mas é com menor intensidade. O que eu precisava
neste caso era algo mais forte e utilizei o Super Bonder, com consentimento da
tutora do animal. Mas essa cola deveria ter ficado 30 dias, agora não sei a
maneira que foi retirada da cachorrinha, que certamente deve ter ficado
machucada”, afirmou.
Ele não concordou com a acusação de maus-tratos.
“Maus-tratos? Para mim é o contrário. Estava cuidando do animal, mas depois o
caso foi passado para outro veterinário, que assumiu as responsabilidades”,
disse.
A reportagem entrou em contato com o grupo de docentes da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, que
afirmaram que existem trabalhos na literatura veterinária sobre o uso de colas
instantâneas em fraturas, mas todos em caráter experimental e com resultados
controversos. Os docentes ainda afirmaram que a faculdade não utiliza tal
procedimento em seus atendimentos e estão à disposição para cuidar da cadela Radija.
Fonte: ANDA
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