A história do cãozinho vira-lata, resgatado na última
quarta-feira após agonizar por mais de 24 horas com o pescoço cortado, em São
José do Rio Preto, interior de São Paulo, termina com um final feliz. Nesta
sexta-feira, o filhote, de 30 a 50 dias de vida, ganhou nome e um novo lar,
enquanto se recupera dos ferimentos – recebeu dez pontos em cada dos dois
grandes e profundos cortes no pescoço -, que quase o levaram à morte.
Os cortes foram feitos com uma faca de serra de cozinha pelo
irmão da antiga tutora, o desempregado Cristiano da Silva, 31 anos, que ficou
revoltado com o choro do animal à noite e, depois de tentar estrangular, cortou
o pescoço a fim de degolar o animal, na manhã de terça-feira. Silva só não
conseguiu matar o cãozinho porque uma vizinha interferiu e ligou para o Centro
de Controle de Zoonoses (CCZ), cujos agentes foram até a casa de Silva e
resgataram o animal, na quarta-feira.
Depois de ler o noticiário na internet, a bancária Thatiana
Rodrigues Galvão, 22 anos, mandou e-mail para o CCZ se oferecendo para adotar o
animal. “Quando vi o noticiário no Facebook fiquei horrorizada. Não acreditei
que pudessem fazer uma coisa dessas com um filhotinho. Ele ainda nem tem todos
os dentes”, disse.
Na sexta-feira, Thatiana recebeu a notícia de que poderia
adotar o animal. “Fiquei muito feliz e fui ontem à tarde buscá-lo”, disse. A
doação ocorreu porque o CCZ fechou para as festas e não havia ninguém no órgão
para cuidar do cãozinho, que precisa de cuidados 24 horas por dia.
Daniel – nome dado ao filhote – chegou em casa e recebeu a
companhia de outros três cães, adotados anteriormente por Thatiana. “Eles
fizeram amizade rapidamente. Depois de comer e beber água ele dormiu a tarde
toda”, contou.
Ela disse ter ficado impressionada com a fragilidade em que
encontrou o animal. “Ele se encolhia todo, fiquei com muita pena dele”, disse.
“Ele não pode sentir cheiro de leite que passa a reclamar e chorar”, diz. Mas
de noite, ao contrário do que ocorria na casa dos antigos tutores, Daniel não
chorou. “Ele dormiu no meu quarto, numa caminha no chão. (…) Mas para isso,
tive de deixar uma peça de uma roupa minha para que ele cheirasse e não ficasse
querendo dormir na minha cama”, relatou. “Ele só chora se ficar sozinho.”
O bichinho se tornou o xodó da casa onde Thatiana mora com
os pais e uma irmã, de 19 anos. A bancária diz acreditar que o cãozinho possa
ter passado por outros maus-tratos. “Reparei que ele chorava ao fazer as
necessidades. Talvez isso aconteça por ter sido repreendido na outra casa por
ter feito em lugar errado”, diz. Para evitar, Thatiana usa de psicologia.
“Quando ele vai fazer as necessidades fico perto dele, converso e o acalmo, e
nem ligo de que seja no tapete – porque essas coisas se ensinam quando o animal
é mais velho. Daí ele faz com calma e não chora”, diz. Thatiana deve voltar na
sexta-feira ao veterinário para retirar os pontos do filhote.
Fonte: ANDA
Nenhum comentário:
Postar um comentário