Na tarde deste sábado (14) mais de cem
protetores se reuniram em frente à casa da mulher que confessou ter matado mais
de 30 animais, na Vila Mariana, em SP. Dalva Lina da Silva, de 42
anos, não estava no local. Segundo testemunhas, ela saiu de casa, durante a
madrugada, levando dentro de um carro caixas de transporte possivelmente com
animais.
Depoimentos de vários protetores,
vizinhos e de um detetive apontam que o número de animais mortos é imensamente
maior do que o encontrado esta semana. Segundo o detetive particular,
contratado por protetores independentes, somente nos 20 dias em que ele esteve
vigiando o local, cerca de 300 animais entraram na casa dela e nenhum deles saiu.
Atitude suspeita
O comportamento de Dalva causava
estranheza entre alguns moradores da rua. Segundo relato de uma vizinha, que
preferiu não se identificar, ela descartava entre 6 e 7 sacos de 100 litros,
três vezes por semana (às terças, quintas e sábados), exatamente na hora em que
o caminhão de lixo passava. “Era muito lixo para uma casa só”, disse ela.
“Uma casa com três pessoas
adultas e uma criança descartar cerca de 2 mil litros de lixo por semana é algo
inconcebível. Isto só comprova a prática cruel que ela vinha exercendo todos
esses anos”, afirma a ativista Marli Delucca.
Sabendo que ela recebia centenas
de gatos e cães por mês e com base nessas informações, estimamos que cerca de
30 mil animais possam ter sido mortos pelas mãos de Dalva nos últimos oito
anos, contabiliza Marli Delucca. “A Dalva recebia animais para encaminhar para
adoção há cerca de 8, 10 anos. É só fazer as contas”, reforça a protetora
Raquel Rignani.
Suspeita-se ainda que ela
descartasse mais corpos de animais por caçambas espalhadas pela cidade.
“Muita gente sempre desconfiou
dela, mas nunca tínhamos provas”, disse Marilene dos Santos, que também atua na
proteção animal. Marilene chegou a formalizar uma denúncia contra Dalva na
delegacia, em novembro de 2010, mas nada foi feito.
Só o protetor Lincoln Seiji
encaminhou para a falsa protetora, no último mês, 58 animais, acreditando que
estava dando um bom destino aos gatos. “Acabamos confiando no demônio que
sempre mentiu para todos nós. Ela abriu as portas da sua casa, espalhou os
gatinhos na cozinha, mostrou que tinha uma linda criança, gatinhos adultos
andando dentro da casa e toda aquela conversa mentirosa dela. Jamais imaginaria
que esses animais estariam sendo entregues a uma assassina!”, desabafou Lincoln.
Ameaça
Duas protetoras que estavam no
local foram ameaçadas pelo ex-marido da acusada, que saiu do carro com um
revólver em sua cintura. “Ele estava armado, e nos ameaçou diretamente ao ver
que pedíamos justiça contra essa assassina”, contou Angela Ledesma, uma das
protetoras. “Assustadas com o teor da ameaça, registramos um BO pelo 190. A TV
Record registrou tudo.”, disse Claudia Sakaki.
Comoção e revolta
O clima durante a manifestação
era de tristeza pelas mortes e revolta pela ineficiência da justiça brasileira
– principalmente para atos de maus-tratos e crueldade contra os animais, ainda
considerados de menor potencial ofensivo pela legislação do país.
Num gesto de pequena homenagem
aos cães e gatos assassinados, manifestantes deixaram flores na entrada da
casa. Outros levaram cartazes com pedidos de justiça e fixaram no portão.
Entre os manifestantes, havia
tutores com seus animais e pessoas de todas as idades, inclusive crianças. Uma
delas era um menino que passou pela calçada, olhou para a casa e disse para a
mãe: “que casa amaldiçoada!”, exclamou em seu tom espontâneo de criança.
Durante a manifestação, os
participantes se reuniram em uma grande roda para rezar pelos animais vítimas
da matança.
Mais animais na casa
Preocupados com a hipótese de
ainda haver animais dentro da casa, alguns manifestantes, com os ânimos
alterados, tentaram quebrar o portão de entrada, para salvar possíveis vítimas
que ainda estivessem no local. Mas a polícia interveio, explicando que só poderia
adentrar o local com autorização do delegado.
Flagrante
Na noite do flagrante,
quinta-feira (12), o detetive viu a mulher colocando pacotes na calçada e
verificou que se tratavam de corpos de animais. Ele contatou os protetores, que
chamaram a Polícia Militar. A mulher de 42 anos foi então detida, sob suspeita
de matar 39 cães e gatos.
Fonte: ANDA
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